quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Eurípedes Waldick Soriano

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Waldick Soriano (Caetité, 13 de maio de 1933Rio de Janeiro, 4 de setembro de 2008) foi um cantor e compositor brasileiro, ícone da música classificada como brega.

Nascido na Bahia, filho de Manuel Sebastião Soriano, comerciante de ametistas no distrito de Brejinho das Ametistas, em sua cidade natal. Fato marcante de sua infância foi o abandono do lar pela mãe, a quem era muito apegado.

Em Caetité viveu sua juventude, sempre boêmia, até um incidente num clube local, que o fez buscar o destino fora da cidade. Desde muito novo era um inveterado namorador e aventureiro e, seguindo o caminho de muitos sertanejos, foi tentar a vida em São Paulo.

Antes de ingressar na carreira artística, trabalhou como lavrador, engraxate e garimpeiro. Apesar das dificuldades, conseguiu se tornar conhecido nos anos 50 com a música "Quem és tu?".

Ele se destacava por suas canções sobre dor-de-cotovelo e seu visual revolucionário para a época: sempre usava roupas negras e óculos escuros.

Seu maior sucesso foi "Eu não sou cachorro não", que foi regravada em inglês macarrônico por Falcão. Também se tornaram conhecidas outras músicas suas, tais como "Paixão de um Homem", "A Carta", "A Dama de Vermelho" e "Se Eu Morresse Amanhã".

O "fenômeno" Waldick

A posição quase marginal que o ritmo "cafona" ocupou mereceu uma análise mais acurada e científica, já na 5ª edição, pelo historiador e jornalista Paulo César de Araújo.

Intitulado "Eu não sou cachorro, não - Música popular cafona e ditadura militar" (Rio de Janeiro, Record, 2005), a obra traz, já em seu título, uma referência a este cantor e sua música de maior sucesso. Ali o autor contesta, de forma veemente, o papel de adesista ao regime de exceção implantado a ferro e fogo no Brasil pelos militares, por parte dos músicos "bregas". Waldick, segundo ele, é um dos exemplos, tendo sua música "Tortura de Amor" censurada em 1974, quando foi por ele reeditada. Apesar de ser uma composição de 1962, o regime não tolerava que se falasse a palavra "tortura"...

A revista "Nossa História", de dezembro de 2005, refere-se ao cantor como "o mais folclórico dos cafonas" (ano 3, nº26, ed. Vera Cruz).

Num dos programas do apresentador Jô Soares, o músico Ubirajara Penacho dos Reis - Bira - declarou que nos anos 60 tocava apenas os sucessos de Waldick.

Na sua cidade natal, Waldick sempre foi tratado com certo menosprezo. Aristocrática, Caetitévereador Edilson Batista protagonizou uma grande homenagem, que nomeou uma das principais avenidas com o nome de Waldick. Pouco tempo depois, o SBT realizava ali um documentário, encenado por moradores locais, retratando a juventude de Waldick, sua paixão pela professora Zilmar Moura, a mudança para o sul. mantinha apenas nas camadas mais populares uma fiel admiração. Ali teve dois de seus filhos, gêmeos, de forma quase despercebida, em 1966. Em meados da década de 90, porém, a cidade teve num político o resgate do filho ilustre. O

Sílvio Santos aliás, protagonizou com Waldick uma das mais inusitadas cenas da televisão brasileira: no abraço que deram, foram perdendo o equilíbrio até ambos caírem, abraçados, no chão. Ali, então, simularam um affair, provocando hilaridade.

Por tudo isto, Waldick Soriano faz-se símbolo, no Brasil inteiro, de um estilo, de uma classe social, e da sua manifestação cultural, pulsante e criativa.

Waldick teve diagnosticado um câncer de próstata em 2006. Em 2 de julho de 2008 foi divulgado que seu estado de saúde era grave, pois já ocorrera metástase da doença. Veio a falecer em 4 de setembro no Instituto Nacional do Câncer (Inca), em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro.


Em entrevista ao Globo Online, Waldick lembrou de como fez seu primeiro sucesso:

- Eu já tinha me mudado para o Rio, para a Ilha do Governador, onde criava 11 cachorros. Fui fazer uma gravação em São Paulo e depois, para comemorar, fomos a um boteco. Então meu maestro perguntou por que eu não fazia uma canção em homenagem aos cachorros. Na hora eu pensei: "posso levar isso para outro universo". E deu no que deu. É um dito antigo. Eu não sou cachorro não quer dizer não me maltrata, não pisa em mim.

Mas a música que tornou Waldick famoso também é a síntese do preconceito que sofreu. Não à toa "Eu não sou cachorro não - Música popular cafona e ditadura militar" foi o nome escolhido pelo historiador e jornalista Paulo César de Araújo para o livro que reescreve a história e contesta a pecha de adesista imposta à turma formada por Waldick Soriano, Odair José, Benito di Paula, Paulo Sérgio nos anos de chumbo.

Odair José foi um campeão de músicas censuradas. Waldick, por exemplo, teve "Tortura de amor", composta em 1962, vetada em 1974, quando esta foi reeditada.

Cantor de grande apelo popular, ele só foi homenageado em meados da década de 1990, quando o vereador Edilson Batista conseguiu dar o nome de Waldick Soriano a uma das principais avenidas de Caetité.

Há dois anos, a atriz Patrícia Pillar, admiradora do artista, começou a acompanhá-lo em shows e a fazer entrevistas para um documentário, trabalho esse ainda inédito, mas que resultou no CD e DVD "Waldick Soriano ao vivo" (Som Livre), gravado no cinema do Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Ribeiro, em Fortaleza, em 2006, e lançado em outubro do ano passado.

- Sempre ouvi Waldick no radinho da babá, no Chacrinha. Era uma figura instigante para mim. Há dois anos, eu ouvi "Tortura de amor" e descobri que era dele. Quando ele começou já apontava para coisa do Tropicalismo, de digerir outras culturas. Tinha influência dos boleros caribenhos, a coisa visual do justiceiro que ele incorporou. Era riquíssimo e moderno para a época.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


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