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AOS PEÕES DE BOIADEIRO
Quando criança no interior, tudo o que eu queria na vida era ser peão de boiadeiro. Cowboy brasileiro. O mocinho que domina o touro-monstro na laçada. Toureiro do sertão, herói, super-habilidoso cavaleiro do silêncio quebrado pelo trovoar de seu berrante. Comandante das manadas, controlador dos estouros magistrais do ribombar dos cascos do gado selvagem na poeira vermelha das estradas nortistas pioneiras do meu Paraná pecuário de 1.969.
Um dia, num rodeio, vi um de meus heróis cair de um cavalo bravo. Ao levantar, seu antebraço estava mole e balançava pra cima e pra baixo como um bracinho de boneca, um bolim-bolacha, enquanto ele corria e chorava como um bebezinho. Aquela cena me fez sentir pena do cowboy e naquele instante eu vi que dentro daquela bombacha e do colete de couro, encima daquelas botas de cano longo e embaixo daquele chapéu de xerife tinha um ser humano pateticamente frágil, que sai correndo levantando os joelhos quando deveria levantar a cabeça, chacoalhar a poeira e consertar seu braço num puxão estralado, acender um cigarro e dar um malho na prenda que estaria suspirando na cocheira por um beijo seu. Aquele choro todo, a boca aberta, meio babando meio gritando aiaiaiai! jogou no chão o mito do campeão. Muxiba, cambeva, chorão-babão, ossos de macho não quebram com um tombinho à toa de um cavalinho saltitante facilmente dominável a vigorosas esporadas e braço firme no cabresto pra mostrar quem é que manda.
No dia seguinte cruzo com o infeliz no caminho da escola, braço na tipóia, engessado com a mãozinha torta pra baixo:
_ Fala guri, quer assinar no gesso? Quebrei em três lugares caindo de um baio chucro .
_ Não, respondi. Tô atrasado pra escola... Bundão, pensei com meu guarda-pó de primeiro ano primário. Uma criança sem ilusão. Um fedelho durão.
Quando criança no interior, tudo o que eu queria na vida era ser peão de boiadeiro. Cowboy brasileiro. O mocinho que domina o touro-monstro na laçada. Toureiro do sertão, herói, super-habilidoso cavaleiro do silêncio quebrado pelo trovoar de seu berrante. Comandante das manadas, controlador dos estouros magistrais do ribombar dos cascos do gado selvagem na poeira vermelha das estradas nortistas pioneiras do meu Paraná pecuário de 1.969.
Um dia, num rodeio, vi um de meus heróis cair de um cavalo bravo. Ao levantar, seu antebraço estava mole e balançava pra cima e pra baixo como um bracinho de boneca, um bolim-bolacha, enquanto ele corria e chorava como um bebezinho. Aquela cena me fez sentir pena do cowboy e naquele instante eu vi que dentro daquela bombacha e do colete de couro, encima daquelas botas de cano longo e embaixo daquele chapéu de xerife tinha um ser humano pateticamente frágil, que sai correndo levantando os joelhos quando deveria levantar a cabeça, chacoalhar a poeira e consertar seu braço num puxão estralado, acender um cigarro e dar um malho na prenda que estaria suspirando na cocheira por um beijo seu. Aquele choro todo, a boca aberta, meio babando meio gritando aiaiaiai! jogou no chão o mito do campeão. Muxiba, cambeva, chorão-babão, ossos de macho não quebram com um tombinho à toa de um cavalinho saltitante facilmente dominável a vigorosas esporadas e braço firme no cabresto pra mostrar quem é que manda.
No dia seguinte cruzo com o infeliz no caminho da escola, braço na tipóia, engessado com a mãozinha torta pra baixo:
_ Fala guri, quer assinar no gesso? Quebrei em três lugares caindo de um baio chucro .
_ Não, respondi. Tô atrasado pra escola... Bundão, pensei com meu guarda-pó de primeiro ano primário. Uma criança sem ilusão. Um fedelho durão.
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Por: Luiz Ferreira
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Por: Luiz Ferreira
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