quarta-feira, 17 de setembro de 2008

EU

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Eu, cabisbaixo, com a alma aflita,
Caminho entre os postes que exclamam pontos
De admiração pela minha figura.
Como uma porção de batata frita
Se destaca entre outros pratos prontos,
Minha imagem, na maior cara dura,
Parece desfilar em seu semblante,
Uma multidão medonha de monstros
E todos os pesadelos de Rembrandt
Querendo levar o povo à loucura!
Eu, jogado na rua da amargura,
Tento manter a consciência sã,
Mas em meu cérebro tais desencontros
Fazem tamanho estrago, que a birita,
Em jorros, se espalha sobre a pedra brita.
Um casal passa depressa e murmura
Algo que me recrimina, enquanto outros
Apenas se enojam e seguem avante.
Minha lucidez bêbada é um estorvo,
Mas pra casa não levo desaforo.
Eu, tomado por um orgulho besta,
Parto novamente para a aventura.
Começo a distribuir porrada a torto
E a direito, como um louco varrido,
Mas tal desvario acaba na valeta,
Onde sou jogado depois da luta.
Coberto de merda e mijo, por sorte,
Ainda vivo, levanto a cara suja,
E, ao me ver completamente fudido,
Morto, assino minha pena de morte!
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Comedor de Ranho
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