Futebol de botão
- Não pode mais mexer, ladrão, salafrário!
- Eu não mexi.
- Mas pensou, ladrãozinho, eu sei que pensou, metido a espertinho.
- Chuta logo.
- Você falou "chuta logo"? Não acredito no que estou ouvindo. Vou fingir que não ouvi. Chutar...chuto tua boca, boca de burro!
- Mas, eu só quero que você...
- Entendi! Quer me tirar a concentração, me irritar, pirralho? Te quebro as duas pernas! Enterro no teu rabo esses botões encardidos! Enfio a trave no teu olho, piá de bosta!
- Tá bom, pode demorar quanto quiser. Eu espero.
- Veja, olhe bem pra mim, eu estou tremendo, você me tirou do sério. Isso não vai ficar assim, banana compreensivo! Porco paciente de uma figa!
- Calma, é só um jogo, se você errar tudo bem...
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Ele virou a mesa, fazendo voar botões, cancha, cinzeiro, copos, tudo. Tremia agora dos pés à cabeça, bufava palavras desconexas, seus olhos ficavam vermelhos e estalados, seus cabelos com uma estranha eletricidade.
Pegou uma cadeira e esmagou o aparelho de som do deck. Jogou um vaso na tela da televisão. Atirou o vídeo contra o vidro, que se espatifou na calçada.
O outro principiou a sua fuga desesperada pela sala, pulando móveis, desviando dos objetos pesados e pontiagudos que vinham em sua direção, aos gritos.
Conseguiu sair e fechar a porta da sala, imaginando que era o barulho da cristaleira desabando com estrondo lá dentro. Subiu a escada e foi para o seu quarto, se escondeu debaixo da cama.
Ele o seguiu e quebrou todo o quarto. Curiosamente não tocou na cama.
Ficou aliviado quando o viu saindo e fechando a porta. Mas 2 minutos depois, ouviu o ranger do soalho, passos, uma gargalhada macabra. Logo depois, som de muito líquido caindo sobre a cama e o estalar de um fósforo. Nova gargalhada.
Berrando, com a camisa em chamas, conseguiu driblá-lo no meio da fumaça, descer a escada e se esconder na área de serviço. Logo ouve urros na cozinha:
- Onde você está, cachorro? - Barulho de geladeira no piso. - Pensa que pode fugir, porco traidor? Agora o fogão.
Silêncio, de repente. Ele o vê se esgueirar entre os varais, com a frieza dos psicopatas. Estava cercado. Ele, com o botijão de gás levantado acima da cabeça, se aproxima lentamente.
Nesse momento, uma voz de mulher interrompe a cena:
- Será que nunca mais vou ter paz nessa casa, depois dessa maldita copa do mundo? Júnior, vá escovar os dentes!
Quanto a você, Carlos Alberto, hoje dorme no sofá.
- Não pode mais mexer, ladrão, salafrário!
- Eu não mexi.
- Mas pensou, ladrãozinho, eu sei que pensou, metido a espertinho.
- Chuta logo.
- Você falou "chuta logo"? Não acredito no que estou ouvindo. Vou fingir que não ouvi. Chutar...chuto tua boca, boca de burro!
- Mas, eu só quero que você...
- Entendi! Quer me tirar a concentração, me irritar, pirralho? Te quebro as duas pernas! Enterro no teu rabo esses botões encardidos! Enfio a trave no teu olho, piá de bosta!
- Tá bom, pode demorar quanto quiser. Eu espero.
- Veja, olhe bem pra mim, eu estou tremendo, você me tirou do sério. Isso não vai ficar assim, banana compreensivo! Porco paciente de uma figa!
- Calma, é só um jogo, se você errar tudo bem...
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Ele virou a mesa, fazendo voar botões, cancha, cinzeiro, copos, tudo. Tremia agora dos pés à cabeça, bufava palavras desconexas, seus olhos ficavam vermelhos e estalados, seus cabelos com uma estranha eletricidade.
Pegou uma cadeira e esmagou o aparelho de som do deck. Jogou um vaso na tela da televisão. Atirou o vídeo contra o vidro, que se espatifou na calçada.
O outro principiou a sua fuga desesperada pela sala, pulando móveis, desviando dos objetos pesados e pontiagudos que vinham em sua direção, aos gritos.
Conseguiu sair e fechar a porta da sala, imaginando que era o barulho da cristaleira desabando com estrondo lá dentro. Subiu a escada e foi para o seu quarto, se escondeu debaixo da cama.
Ele o seguiu e quebrou todo o quarto. Curiosamente não tocou na cama.
Ficou aliviado quando o viu saindo e fechando a porta. Mas 2 minutos depois, ouviu o ranger do soalho, passos, uma gargalhada macabra. Logo depois, som de muito líquido caindo sobre a cama e o estalar de um fósforo. Nova gargalhada.
Berrando, com a camisa em chamas, conseguiu driblá-lo no meio da fumaça, descer a escada e se esconder na área de serviço. Logo ouve urros na cozinha:
- Onde você está, cachorro? - Barulho de geladeira no piso. - Pensa que pode fugir, porco traidor? Agora o fogão.
Silêncio, de repente. Ele o vê se esgueirar entre os varais, com a frieza dos psicopatas. Estava cercado. Ele, com o botijão de gás levantado acima da cabeça, se aproxima lentamente.
Nesse momento, uma voz de mulher interrompe a cena:
- Será que nunca mais vou ter paz nessa casa, depois dessa maldita copa do mundo? Júnior, vá escovar os dentes!
Quanto a você, Carlos Alberto, hoje dorme no sofá.
Marcos Prado
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