sábado, 27 de dezembro de 2008

Momentos mágicos do Catatau**

~~

~~

“Um, na algaravia geral, por nome Tamanduá, esparrama língua no pó de incerto inseto, fica de pé, zarolho de tão perto, cara a cara, ali, aí, esdrúxula num acúmulo e se desfaz eclipsado em formigas.”


“Monos se penteando espelham-se no banho das piranhas, cara quase rosto no quasequase das águas: agulhas fazem boa boca, botam mau olhado anulando-lhes a estampa, símios para sempre.”


“Estamos conversando conversas diferentes sobre o mesmo assunto. Louco por mérito próprio ou por força das circunstâncias? Estamos falando sem medir as conseqüências pelo obscuro gabarito dos antecedentes. Vá em frente, eis o abismo. Cai o eu, a gente fica onde? Dedica um monumento a tudo que está lá ou fica fora de si?”


“Que flecha é aquela no calcanhar daquilo? Pela pena, é persa, pela precisão do tiro, um mestre. Ora, os mestres persas são sempre velhos. E mestre, persa e velho só pode ser Artaxerxes ou um irmão, ou um amigo, ou um discípulo, ou então simplesmente alguém que passava e atirou por despautério num momento gaudério de distração”.


** – Romance polêmico, de Paulo Leminski (1944-1989), poeta, curitibano, faixa preta de judô, professor de história e redação, poliglota convicto, agitador cultural.
~~

Nenhum comentário: