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Terça-feira, 11 de Dezembro de 2007
~~POLACO DA BARREIRINHA, O THADEU, ENTREVISTA SÉRGIO VIRALOBOS
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Quinta-feira, Novembro 03, 2005
Sérgio, conte para nós onde, como, quando e por que você nasceu ?
Nasci em Curitiba, em 11 fevereiro de 1961 (meu filho nasceu no mesmo dia que eu, não no mesmo ano, é claro). Por que nasci ? Juro, é sério, não sei, se for pessimista direi: um zero à esquerda do cem, se fosse otimista diria: um aquário onde nada-se bem.
O que mais te marcou na infância ?
Meu pai é militar, aposentou-se como general, e essa circunstância me levou a diversas mudanças pelo Brasil afora. Até os 14 anos já tinha morado em Curitiba, Itu (SP), Rio de Janeiro, Recife e Brasília. Isso me deu uma visão menos provinciana da vida, o que muito me valeu quando voltei para Curitiba, aos 17 anos.
Como você definiria a passagem de sua infância para a juventude ?
Aos 15 anos de idade, eu estudava no Colégio Objetivo, em Brasília. O professor de Literatura faltou e foi substituído por um outro cara genial, que nos apresentou um poema concretista de Augusto dos Campos: “Cidade City Cité”. Depois de espantar-nos dizendo que aquilo era uma poesia, o professor substituto induziu-nos a decifrar o significado daquela palavra gigantesca. A partir desse dia, resolvi, no inconsciente, que queria ser poeta.
Como foi o início da Contrabanda e como você avalia aquele período ?
A Contrabanda surgiu em 1982 e seus integrantes eram Ferreira, o principal compositor, Rodrigo, o vocalista carismático, Walmor e Foguinho, os músicos de verdade, Renato Incesto, nosso Sid Vicious particular, Fernando Tupan, o irmão mais esperto de Malcom McLaren e esse que vos fala. Nossa primeira apresentação foi no Festival de Música da Escola Técnica: acontece que o Tupan participava do diretório da dita escola e através de palpites sutis, conseguiu que escalassem para o júri do Festival o Thadeu, escritor deste blog, e o artista plástico Rettamozo, comparsas nossos de longa data. Através deste engenhosos artifício ganhamos – justamente, diga-se de passagem – todos os prêmios disponíveis do Festival. Prêmios esses que consumimos, na mesma noite, numa grande festa comandada por nossos amigos jurados. Depois desse começo auspicioso, precisávamos de um lance ainda mais espetacular, para firmar definitivamente nossa marca no mercado. Naquele ano, a new wave tinha acabado de ir para o saco, e a nova moda londrina era o new romantic. Sem pestanejar, obedecemos às ordens da matriz e montamos um show no mini-auditório do Teatro Guairá, chamado “Por Um Novo Incêndio Romântico”, dirigido pelo cineasta Fernando Severo. Para nossa surpresa, tivemos lotação esgotada em todas as noites e, a partir daí, foi uma série de apresentações no Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. O show que fizemos no Circo Voador foi, possivelmente, a melhor apresentação da Contrabanda e a repercussão foi tão boa que quase ficamos por lá mesmo. No entanto, voltamos e resolvemos montar um grande show no grande auditório do Teatro Guairá. Até hoje, faço o possível para esquecer daquela noite horrível, regada a barbitúricos e conhaque. No dia seguinte, reunimos o grupo e propusemos a dissolução. Essa sábia decisão nos jogou numa depressão de 6 meses que culminou no desembarque do movimento punk em Curitiba.
Você leu a entrevista do Rodrigão aqui no blog, concorda com ele quando diz que foi bom ter acabado a Contrabanda ?
Concordo, a Contrabanda foi uma experiência tão bem sucedida que não resistiu a seu primeiro fracasso. Se os seus antigos integrantes tivessem coragem de fazer um único show de revival, todos poderiam ver que a Contrabanda, com toda sua inconseqüência juvenil, hoje é melhor do que o Beijo AA Força e o Maxixe Machine juntos. Talvez seja por isso que nunca conseguimos nos reunir novamente. Se eles quiserem, estou à disposição, é só marcar a data e o local do duelo.
Quando a Contrabanda acabou, por que você não foi nem para o Beijo AA Força e nem para o Maxixe Machine ?
A campanha de desinformação histórica do Beijo AA Força foi tão bem feita, que nem você, que é um dos meus melhores amigos, lembra que fui eu que criei o BAAF, junto com Renato Incesto e Rodrigão (inclusive o nome do grupo é meu). Durante o ano de 1984, participei de vários shows, como o do Operário, que inaugurou oficialmente o punk rock em Curitiba. Quando vi que o BAAF estava indo pelo mesmo caminho da Contrabanda, ou seja, o afundamento progressivo em solo curitibano, resolvi parar de perder tempo e mudei radicalmente de vida: casei com Ana Viralobos e me mudei para Manaus. Quanto ao Maxixe, apareceu anos depois, acho que estava morando em Cascavel, e já tinha me desinteressado completamente dessas atividades artísticas. Ressalte-se que, desde então, continuo a escrever letras de música para o BAAF, mais, e Maxixe, menos.
Você foi um punk ? Ou apenas um simpatizante ?
Fui punk até a gelatina da medula e estou certo que continuo sendo. Sábado último estava assistindo, aqui em São Paulo, ao MC5, banda proto-punk de Detroit, com o mesmo fervor de sempre e sempre.
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Nasci em Curitiba, em 11 fevereiro de 1961 (meu filho nasceu no mesmo dia que eu, não no mesmo ano, é claro). Por que nasci ? Juro, é sério, não sei, se for pessimista direi: um zero à esquerda do cem, se fosse otimista diria: um aquário onde nada-se bem.
O que mais te marcou na infância ?
Meu pai é militar, aposentou-se como general, e essa circunstância me levou a diversas mudanças pelo Brasil afora. Até os 14 anos já tinha morado em Curitiba, Itu (SP), Rio de Janeiro, Recife e Brasília. Isso me deu uma visão menos provinciana da vida, o que muito me valeu quando voltei para Curitiba, aos 17 anos.
Como você definiria a passagem de sua infância para a juventude ?
Aos 15 anos de idade, eu estudava no Colégio Objetivo, em Brasília. O professor de Literatura faltou e foi substituído por um outro cara genial, que nos apresentou um poema concretista de Augusto dos Campos: “Cidade City Cité”. Depois de espantar-nos dizendo que aquilo era uma poesia, o professor substituto induziu-nos a decifrar o significado daquela palavra gigantesca. A partir desse dia, resolvi, no inconsciente, que queria ser poeta.
Como foi o início da Contrabanda e como você avalia aquele período ?
A Contrabanda surgiu em 1982 e seus integrantes eram Ferreira, o principal compositor, Rodrigo, o vocalista carismático, Walmor e Foguinho, os músicos de verdade, Renato Incesto, nosso Sid Vicious particular, Fernando Tupan, o irmão mais esperto de Malcom McLaren e esse que vos fala. Nossa primeira apresentação foi no Festival de Música da Escola Técnica: acontece que o Tupan participava do diretório da dita escola e através de palpites sutis, conseguiu que escalassem para o júri do Festival o Thadeu, escritor deste blog, e o artista plástico Rettamozo, comparsas nossos de longa data. Através deste engenhosos artifício ganhamos – justamente, diga-se de passagem – todos os prêmios disponíveis do Festival. Prêmios esses que consumimos, na mesma noite, numa grande festa comandada por nossos amigos jurados. Depois desse começo auspicioso, precisávamos de um lance ainda mais espetacular, para firmar definitivamente nossa marca no mercado. Naquele ano, a new wave tinha acabado de ir para o saco, e a nova moda londrina era o new romantic. Sem pestanejar, obedecemos às ordens da matriz e montamos um show no mini-auditório do Teatro Guairá, chamado “Por Um Novo Incêndio Romântico”, dirigido pelo cineasta Fernando Severo. Para nossa surpresa, tivemos lotação esgotada em todas as noites e, a partir daí, foi uma série de apresentações no Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. O show que fizemos no Circo Voador foi, possivelmente, a melhor apresentação da Contrabanda e a repercussão foi tão boa que quase ficamos por lá mesmo. No entanto, voltamos e resolvemos montar um grande show no grande auditório do Teatro Guairá. Até hoje, faço o possível para esquecer daquela noite horrível, regada a barbitúricos e conhaque. No dia seguinte, reunimos o grupo e propusemos a dissolução. Essa sábia decisão nos jogou numa depressão de 6 meses que culminou no desembarque do movimento punk em Curitiba.
Você leu a entrevista do Rodrigão aqui no blog, concorda com ele quando diz que foi bom ter acabado a Contrabanda ?
Concordo, a Contrabanda foi uma experiência tão bem sucedida que não resistiu a seu primeiro fracasso. Se os seus antigos integrantes tivessem coragem de fazer um único show de revival, todos poderiam ver que a Contrabanda, com toda sua inconseqüência juvenil, hoje é melhor do que o Beijo AA Força e o Maxixe Machine juntos. Talvez seja por isso que nunca conseguimos nos reunir novamente. Se eles quiserem, estou à disposição, é só marcar a data e o local do duelo.
Quando a Contrabanda acabou, por que você não foi nem para o Beijo AA Força e nem para o Maxixe Machine ?
A campanha de desinformação histórica do Beijo AA Força foi tão bem feita, que nem você, que é um dos meus melhores amigos, lembra que fui eu que criei o BAAF, junto com Renato Incesto e Rodrigão (inclusive o nome do grupo é meu). Durante o ano de 1984, participei de vários shows, como o do Operário, que inaugurou oficialmente o punk rock em Curitiba. Quando vi que o BAAF estava indo pelo mesmo caminho da Contrabanda, ou seja, o afundamento progressivo em solo curitibano, resolvi parar de perder tempo e mudei radicalmente de vida: casei com Ana Viralobos e me mudei para Manaus. Quanto ao Maxixe, apareceu anos depois, acho que estava morando em Cascavel, e já tinha me desinteressado completamente dessas atividades artísticas. Ressalte-se que, desde então, continuo a escrever letras de música para o BAAF, mais, e Maxixe, menos.
Você foi um punk ? Ou apenas um simpatizante ?
Fui punk até a gelatina da medula e estou certo que continuo sendo. Sábado último estava assistindo, aqui em São Paulo, ao MC5, banda proto-punk de Detroit, com o mesmo fervor de sempre e sempre.
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