sábado, 7 de fevereiro de 2009

Para mim, Paraty

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Entrouxem no rabo essa literatura,
Essa festa de milhões que não vale nada.
Tenho os bagos seguros a essa distância,
Toda essa merda tem a marca da falcatrua.
O verso que procuro está em outra estrada,
Vive comigo e não precisa de esperança.
A alma quixotesca que aí faz alta sala,
Aqui já foi digerida e cagada pelo Sancho Pança.
Senhores da Razão, a poesia não há o que se diga,
É talvez ainda o único motivo para que a fala
Nos leve a um lugar comum que não fuja da briga
E a vida não nos dê uma baita dor de barriga.
Para mim, Paraty, não envie convite e nem benesses,
Odeio cidadezinhas bucólicas e aprazíveis,
O cheiro de gasolina exala de minhas axilas.
A mim importa mais a chiadeira dos “ésses”,
Das máquinas em onomatopéias irreconhecíveis,
Mixadas aos gases que dilatam minhas pupilas!
Para mim, Paraty, esse afluxo de milhares de inocentes,
Que vão mijar, defecar e achar que estão vivos,
Engajados, conscientes, inteligentes e participativos,
Não passa de um turismo barato para decadentes.
A poesia não precisa disso para andar em tuas ruas,
Quer apenas a elegância rítmica de nossas almas nuas.
Olhe para mim, Paraty, para todos que escrevem
Nos guardanapos sujos e ensebados de bares fedorentos,
E andam com uma idéia louca pendurada no olho.
Esses poetas que nunca fazem o que devem
Para a lógica dos que dividem o mundo em dividendos,
Esses poetas, Paraty, nesta festa só vão te dar bolo!


Comedor de Ranho
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