quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

NÃO FIQUE TRISTE. ESTOU NO MEIO DE UM PESADELO





Miseráveis magas manhosas
Princesas camundongas
Percevejos à espera de unha e urinol
Têm essa piedade que a mãe perversa
Demonstra pelos filhos
Merecem que me masturbe
Sobre suas xícaras de leite
Ó minhas pobres namoradas,
Eu vos odeio !
Só comigo você pode ser livre
Terei ouro: serei indolente e brutal
Recebo o golpe da graça em pleno coração.

Arthur Rimbaud e Paul Verlaine
Arranjo: Sérgio Viralobos
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CIENTISTAS RECRIAM FACE DE DANTE

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Trecho da Divina Comédia, de Dante Alighieri

Chegamos a um bosque sem sinal de gente.
No entanto, ruídos humanos eram claros,
creio que Dante cria-me descrente.

“Arranque de uma árvore um de seus galhos!”
Isso fiz e manchei de sangue os dedos.
Eram suicidas que Deus, por bem, fez transformá-los,

pelo imperdoável auto-crime, em arvoredos.
Pena que, comparada às outras, pareceu-me branda.
“Não se iluda, entre os vivos jamais iremos vê-los.

No Juízo Final, todos terão a ficha branca,
exceto os justiceiros dos próprios corpos,
estes não reencarnarão no dia da balança.”


Livre adaptação de Thadeu W, Marcos Prado e Sérgio Viralobos.
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#2

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CANÇÃO PARA DESPERTAR


A dor me maltrata não consigo te esquecer

Tento, quebro a cara e dou de cara com você

Talvez dar um tempo, tanto tempo pra perder

Perder a razão, perder o gosto de viver

Tantos mil passos eu dei não consigo encontrar

|Sem os teus braços, abraços sufocam meu ar



Acordo assustado e cansado de gritar

Faço em meu violão uma canção pra despertar


Dores e abraços num laço que não quer fechar

Tenho mil sonhos mas não me permito sonhar


A dor me maltrata não consigo te esquecer

(eu nem tentaria)

Tento, quebro a cara e dou de cara com você

(quem não quebraria)

Talvez dar um tempo, tanto tempo pra perder

(eu me perderia)

Perder a razão, perder o gosto de viver

(talvez morreria)


(Dee Diedrich)

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#1

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LEVA MEU CORAÇÃO


Um riso no rosto e a dor de quem não sabe dizer “vai”

Abriu a porta disse: baby bye, leva meu coração

Um nó na garganta e lembrança de um domingo que ficou

A tarde era cinza e seu amor já tinha um outro bem

Já tinha um novo amor

Ao fechar a porta

Nada mais sentiu

O peito em pedaços e um imenso vazio

Não sentia fome ele não sentia frio

O peito engessado e o imenso vazio

Um riso no rosto e a certeza de quem sabe pra onde vai

Olhou pra ele e disse: baby bye acho que terminou

E só mais um abraço tão distante com sabor de nunca mais

Ela saiu andando, pois sabia que já tinha um novo bem

Já tinha um novo amor

Ao fechar a porta

Ela então sorriu

Sentiu-se distante em longo arrepio

Não sentia fome nem sentia frio

Era só o alivio de alguém que partiu


Dee Diedrich

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ANJINHO CAIDAÇO

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Portal branco, telha preta
Feito missa na falseta,

No cú do judas me açoite,
Rua branca e eis a noite.

Vila de casas estranhas,
Arcanjos pelas persianas.

Mas, num beco, nesse instante,
Chega mau e tiritante,

O anjinho breu: deus me acuda,
Já manjei muita jujuba.

Faz cacaca e zapt ! chispa,
Mas a caca, merda à vista,

Para a lua após exame
Tal cloaca caga sangue.

Arthur Rimbaud

Livre-adaptação: Thadeu W, Ivan Justen e Sérgio Viralobos

outro poema felino?

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La rêve du jaguar
The jaguar´s dream
O sonho do jaguar

Sous les noirs acajous, les lianes en fleur,
Beneath the dark mahoganies, creepers in flower
Sob os negros acajus, as lianas em flor,
Dans l'air lourd, immobile et saturé de mouches,
Hang in the heavy, motionless, fly-filled air,
Num ar pesado, imóvel e saturado de moscas,
Pendent, et, s'enroulant en bas parmi les souches,
Twining among the tree-stumps, falling where,
Pendem, e, enrolando-se entre os troncos,
Bercent le perroquet splendide et querelleur,
They cradle the brilliant parrot, the quarreller,
Ninam o papagaio esplêndido e palrador,
L'araignée au dos jaune et les singes farouches.
The wild monkeys, spiders with yellow hair.
A aranha de dorso amarelo e os macacos loucos.
C'est là que le tueur de boeufs et de chevaux,
There the wearied, ominous horse-killer,
É ali que o matador de bois e de cavalos,
Le long des vieux troncs morts à l'écorce moussue,
The ox-slayer, returns with a steady tread,
Ao longo dos velhos caules de cascas musgosas,
Sinistre et fatigué, revient à pas égaux.
Over the dead mossy trunks of old timber.
Sinistro e fatigado, retorna em passo regular.
Il va, frottant ses reins musculeux qu'il bossue;
Stretching, arching his muscular loins, a breath
Ele segue, alongando suas ancas musculosas;
Et, du mufle béant par la soif alourdi,
From his gaping muzzle heavy with thirst
E, da mandíbula aberta pela sede agravante,
Un souffle rauque et bref, d'une brusque secousse,
Issues with a sudden shock, quick and harsh,
Um sopro rouco e breve, num brusco arranco,
Trouble les grands lézards, chauds des feux de midi,
And great lizards warm from the noon heat stir,
Assusta os grandes lagartos, quentes do meio-dia,
Dont la fuite étincelle à travers l'herbe rousse.
Then vanish gleaming through the tawny grass.
Cuja fuga cintila através das ervas rubras.
En un creux du bois sombre interdit au soleil
He sinks down; stretched out on a level stone,
Num nicho interdito ao sol na floresta sombria
Il s'affaisse, allongé sur quelque roche plate;
Cleans his paw with a broad lick of his tongue
Ele se esgueira, esticado numa rocha mais plana;
D'un large coup de langue il se lustre la patte;
Veiled from the sun in a hollow of the forest,
Com um golpe largo da língua lustra a pata;
Il cligne ses yeux d'or hébétés de sommeil;
Blinks golden eyes dull with sleepiness;
Pisca os olhos dourados abestalhados de sono;
Et, dans l'illusion de ses forces inertes,
And, as his inert forces, in imagination
E, na ilusão de suas forças inertes,
Faisant mouvoir sa queue et frissonner ses flancs,
Make his tail flicker and his flanks quiver,
Movendo a cauda e sacudindo os flancos,
Il rêve qu'au milieu des plantations vertes,
Dreams himself deep in some green plantation,
Ele sonha que em meio às plantações verdes,
Il enfonce d'un bond ses ongles ruisselants
Leaping, and plunging dripping claws forever
Crava com um só bote suas unhas rutilantes
Dans la chair des taureaux effarés et beuglants.
Into bullocks' flesh as they bellow and shiver.
Na carne dos touros estupefatos e lancinantes.

Leconte de Lisle
A.S.Kline
Ivan Justen Santana
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Três poemas com Beto Trindade

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Beto Trindade e sua idéias luminosas


O Beto Trindade é um poeta, ator, mímico, cantor e compositor que mantem-se a saudáveis 12 mil quilômetros da pátria amada, em Londres. Em junho, por exemplo, faz show em Paris. Mas, graças à incrível capacidade elástica de sua aura genial, ele muitas vezes consegue estar aqui e lá, simultaneamente. Para provar, veja essas parcerias dele com alguns autóctones.


1

sabe quanto custa um quilo de plástico?
pergunte ao burro sem rabo
quanto custa um quilo de plástico
ele vai gargalhar na sua cara
e você vai diminuir
diminuir
até sumir da minha frente
e nunca vai saber o preço do plástico
eu não vou te dizer o preço do plástico


(Beto Trindade e Thadeu Wojciechowski)


2

que bom se fosse ontem
e hoje começasse o amanhã
agora é tarde
estou mais sóbrio de manhã

oh infinito mundo
que não me dá espaço
móveis são as pedras
em que tropeço


(Beto Trindade, Marcos Prado e Márcio Cobaia Goedert)


3

amanheci
o que é que eu estou fazendo aqui
com essa gente que não para de rir
nem sabe o que sonha
um pobre rapaz do sul da tasmânia

sei onde ir
como chegar sem nunca sair
vou trabalhar numa idéia que tive
enquanto chorava limpando meu rifle

de manhã o sol raia na praia
como é lindo meu pedacinho de austrália

por isso, crianças
quando estiverem de castigo
taquem fogo na sala
e venham comigo
distribuir bala
pra esse bando de loucos
que vem fazer farra
na terra dos outros

(Beto Trindade e Roberto Prado)
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LOS TRES INIMIGOS!!

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Tiago Recchia - Gazeta do Povo
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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

KAZIK - KULT

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E ASSIM FALOU KAZIK STASZEWSKI:

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“No Brasil ocorreu uma cósmica história. Uma estudante da ASP comprou uma fita cassete do Kult e ficou encantada. Alguém no Brasil depois a escutou e também gostou muito. Então nos convidou para Ir até lá. No continente americano estivemos em dezembro de 1989. Durante nossa permanência de mais de dois meses fizemos apenas cinco espetáculos. Na verdade foi um pouco mais, pois sem planejar, tocamos algumas vezes em praças e clubes. Dentro do planejamento, nossa primeira apresentação teve mais de vinte mil publicações em jornais, revistas, televisão, propaganda em rádio, cartazes distribuídos em várias partes. No final tocamos no mesmo clube onde iniciamos a tournée com „The Cure” e “Simply Red”. Todos muito gentis e lembramos muito daquela viagem e somos muito felizes por ter feito aquele "tour" brasileiro. Ainda porque além de tocarmos, claro, acabamos jogando futebol... Kult X Brasil. Como os brasileiros têm o futebol nos seus genes, depois de 10 minutos já estava 5X0 para eles. O placar não agradou aos brasileiros, assim propuseram trocamos de goleiros. Com o goleiro brasileiro melhoramos no decorrer da partida e perdemos apenas de 6 a 9. Também foi nessa viagem que acabamos sendo estrelas de um comercial de TV. Era propaganda de um banco e nos apresentamos com a roupa e caracterização de Charles Chaplin. Foi muito legal e cada músico do Kult recebeu 50 dólares pela participação. Temos ainda gravado esta propaganda com a gente. Foi realmente uma brincadeira muito divertida e penso que gostaria de repetir algo parecido e por que não aqui na Polônia? Não seria para mim, com certeza, nada ruim. Além disso, não sou uma pessoa tão pública e talvez minha cara possa vender algum produto. Eu deveria ser eu mesmo neste comercial, ou então atuar como ator.”


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A formação naquela época era:
Kazik Staszewski (vocal, sax),
Janusz Grudziński
(teclado, gitarra),
Ireneusz Wereński
(baixo),
Piotr Morawiec (guitarra),
Mariusz Majewski
(bateria).

E eu participei daquele jogo; aliás, o Janusz quase me tirou precocemente dos gramados: depois de me perseguir por mais de 50 metros sem conseguir roubar-me a bola, praticou um jogo de corpo suspeitíssimo, atirando-me à grama, onde fiquei por uns cinco minutos recuperando o fôlego.
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Leia enquanto eu lembro de esquecer

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Esse aí sou eu, fotografado por não lembro quem, posando para algo que nem sei mais o que era. De vez em quando acontece comigo de certas coisas do passado parecerem ter acontecido com outro. Não digo mudar completamente, mas ver você mesmo como se relembrasse outra encarnação. Algo assim. Como não devo ser o único débil mental do mundo, pode ser que aconteça com outros. Até com você. Por isso é sempre bom dar uma boa lida no velho e bom livro de Tao. Mas não sem antes dar uma olhada no meu poeminha.


parafuso


longas datas até parecem ontem
monte de coisas tem memória curta
ando à cata de que me contem
certos fatos de maneira torta

o corpo crê lembranças vivas
a alma diz sofrer horas mortas
e se separam na via das dúvidas
deixando ontens para pagar na volta

então ao morrer não me desmontem
certamente falta um parafuso
algumas coisas há que se rompem
entre outras já quase sem uso

(Roberto Prado)
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+ ROBERTO PRADO, O NOSSO BECO

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Pouca gente sabe que o Marcos Prado (foto) deixou poemas em inglês, escritos em parceria com o Beto Trindade. Hoje, remexendo o ontem de uma gaveta, achei este sobrevivente da safra seleta das aventuras da dupla na língua de Yeats. Então, divido com vocês a preciosidade. Os outros da série, só por obra e graça do Santíssimo Trindade: está nas mãos dele. E, para quem, como eu, não entende picas de inglês, fiz a versão que segue logo abaixo do original.


An old love


I don’t want to know your age
Cause we speak the same language

I raise your dress up to your neck
You pull down my pants and find the Jack

It doesn’t matter you are old
I can smooth out all your folds

Your groans are just like a wolf’s howl
And when you come, that’s the carnival

(Beto Trindade e Marcos Prado)

Um amor velho

Não quero nem saber quantos anos você soma
Agora que nossas línguas falam o mesmo idioma

Eu ergo seu vestido até o gorgomilo, de surpresa
Você abaixa minhas calças e topa com o pé-de-mesa

Não dou a mínima que você seja uma velha
Posso até alisar suas rugas, se me der na telha

Seus gemidos são o uivo do lobo mau
E quando você goza, vovó, é o carnaval

(Beto Trindade e Marcos Prado, tradução de Roberto Prado)
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por onde olha a paixão cega

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o trouxa jura que me ama
nem sequer faço de conta
o mundo dá tantas voltas
eu é que sou tonta?

um tem a corda no pescoço
outro no dedo a ponta
ele é polpa, eu caroço
o forte no flanco do fraco monta

amor tem dessas coisas
meu nada pra ele é um mar
quem quiser viver de brisas
acerte a biruta ao se aventar

Patrícia Jacuzzi
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Libertas Quæ Sera Tamen

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a melhor desculpa pra não pedir perdão

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minha cara de fosso nunca mais sara
o baixo astral afundou de vez no buraco
mulher pra mim virou mercadoria cara
deve estar fedendo o meu sovaco

bosta de mundo onde um dia fui cair
nunca mais me levantei do destino rasteiro
o mau-humor sempre me serve de elixir
não tive competência nem pra ser blogueiro

a vida é cerol besuntado numa corda bamba
no fim ela sorri e mostra sua covinha
ruga, chão onde o tempo caga e caminha
nem morto abandono minha adorável má-fama

Ruga
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+TIAGO

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BABACA DO DIA, DA SEMANA, DO MÊS, DO ANO, DO...

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Banda mexicana Maná diz que Hugo Chávez tem atitudes ditatoriais

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O vocalista da banda mexicana Maná, Fher Olvera, disse que a recusa do governo venezuelano a ceder um recinto público para a apresentação do cantor espanhol Alejandro Sanz em Caracas "é uma atitude típica de uma ditadura".

"Agora [o presidente da Venezuela, Hugo Chávez] resolveu vetar Alejandro Sanz... isso é atitude típica de uma ditadura, de não deixar [circular] a arte", disse Olvera.


Os quatro integrantes de Maná fazem parte dos 139 artistas que assinaram um manifesto de apoio público a Sanz, após a suspensão de seu show na Venezuela.

Sanz tinha apresentação marcada para 1º de novembro no país, mas o governo venezuelano não cedeu para esse dia o local conhecido como Poliedro, forçando o adiamento do concerto para 14 de fevereiro, data para qual a arena também não foi liberada.

Entre os signatários do texto de apoio estão as cantoras Shakira e Jennifer López e o jogador de futebol britânico David Beckham.

A tensão entre o Executivo venezuelano e Alejandro Sanz começou depois que o cantor espanhol afirmou, em visita ao país em 2004, que não gostava de Hugo Chávez como presidente.

"Nós chegamos a ir ao Chile durante o governo de Pinochet e nada nos aconteceu", disse o cantor.

"Se um país realmente é livre, a primeira coisa que tem que circular sem barreiras é a arte", afirmou Fher.

O Maná tocou em dezembro na Venezuela e, segundo seu vocalista, não sofreu censuras nem represálias. Ainda assim, Fher afirmou que a Venezuela deveria "avançar rumo à verdadeira democracia".

"Se você tem medo de falar, é porque algo está errado", afirmou ainda o cantor.

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(Obs.: não gosto do som do Maná)
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

URBINO

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DA VINCI

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VELÁSQUEZ

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GOYA

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A GRANDE FAMÍLIA

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  • 2 anos - Inácio Pinto
  • 3 a 4 anos - Inocêncio Pinto
  • 5 a 6 anos - Créscio Pinto
  • 7 a 10 anos - Jacinto Pinto
  • 11 a 15 anos - Armando Pinto
  • 16 a 20 anos - Gastão do Pinto
  • 21 a 25 anos - Valente Pinto
  • 26 a 30 anos - Amâncio Pinto
  • 31 a 40 anos - Modesto Pinto
  • 41 a 50 anos - Décio Pinto
  • 51 a 60 anos - Caio Pinto
  • acima de 61 anos - Serafim do Pinto
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Nicky "Topper" Headon

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TABELA DE VIADAGEM

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Presentes que gosta de ganhar
Uma garrafa de cachaça ou whisky - MACHO
Uma peça de roupa - FINO
Doces, bombons etc. - MEIO VIADO
Flores e/ou perfumes - VIADAÇO

Uso de cremes e bronzeadores
Não usa - MACHO
Usa um pouco no verão - SENS??VEL
Usa bastante no verão - BICHINHA
Usa bastante o ano todo - BICHA TOTAL

Tratamento dos animais de estimação
Seu cão vive no quintal e come restos de comida - VARÃO
Seu cão vive dentro de casa, come ração especial e ele o acaricia - DELICADO
Ele acaricia muito o gato que dorme na sua própria cama - BICHA TOTAL

Tratamento das plantas
Se alimenta de algumas delas - RAMBO
Tem algumas plantas no quintal que não são regadas - MACHO
Cuida das plantas e dos arbustos - FLORZINHA
Rega, poda e conversa com plantas e flores de seu jardim - BICHINHA
PURPURINADA

Uso do espelho
Não usa - VIKING
Usa somente para fazer barba e pentear cabelo - VAIDOSO
Admira sua pele e observa seus músculos - GAY
Igual ao GAY, e ainda admira seu bumbum - LOUCA DESATADA
Admira-se com diferentes perucas, vestidos e maquiagem - TRAVESTI

Penteado
Não se penteia - MACHÃO
Penteia-se depois do banho - HOMEM
Penteia-se várias vezes ao dia - FRESCO
Penteia-se várias vezes ao dia e pinta cabelo - BICHA
Penteia os outros e dá conselhos de penteados - BICHA LOUCA

Limpeza da casa
Varre quando ouve a sujeira estalar sob a sola dos sapatos - ANIMAL
Varre quando o pó cobre o chão - MACHO
Limpa com água e detergente - FRESCO
Limpa com água, detergente e aromatizante - MARIPOSA
Usa aspirador de pó - BORBOLETA

Esportes preferidos
Futebol, boxe, automobilismo - MACHO DE CARTEIRINHA
Tênis, boliche, voleibol - TENDÊNCIAS GAYS OCULTAS
Aeróbica, spinning - LOUCA
Os mesmos, mas usando short de lycra - EXTRA BOIOLA

Comidas preferidas
Capivara, javali, grandes animais assados, comida apimentada - TARZAN
Peixe e salada para não engordar- SENS??VEL
Sanduíches integrais, consomées - FRESCO
Aves acompanhadas de vegetais cozidos no vapor - BICHA

Bebidas preferidas
Cachaça, cerveja, conhaque - MACHO
Whisky com gelo - HOMEM
Caipifruta, frozen - MEIO GAY
Sucos de frutas comuns e licores muito doces sem álcool - FRUTINHA
Suco de frutas exóticas, como carambola e cupuaçu - TOTALMENTE GAY

Higiene pessoal
Toma banho em 5 minutos, usa sabão em barra e lava suas cuecas - LEGION??RIO
Toma banho rápido, usa xampu, mas nem encosta no fiofó - VARÃO
Demora mais de meia hora e usa sabonete líquido - TENDÊNCIAS GAYS OCULTAS
Toma banho com sais e espuma na banheira - VIADO ASSUMIDO

Cerveja
Gelada e em grandes quantidades - MACHO
Só uma para matar a sede no calor - BICHICE SOB CONTROLE
Com limão e sal - BICHA

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VOCÊ CONHECE ESTES DISTINTOS CAVALHEIROS?

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THE GUNS OF BRIXTON

(Paul Simonon)

When they kick at your front door
How you gonna come?
With your hands on your head
Or on the trigger of your gun

When the law break in
How you gonna go?
Shot down on the pavement
Or waiting on death row

You can crush us
You can bruise us
But you'll have to answer to
Oh, the guns of Brixton

The money feels good
And your life you like it well
But surely your time will come
As in heaven, as in hell

You see, he feels like Ivan
Born under the Brixton sun
His game is called survivin'
At the end of the harder they come

You know it means no mercy
They caught him with a gun
No need for the Black Maria
Goodbye to the Brixton sun

You can crush us
You can bruise us
But you'll have to answer to
Oh, the guns of Brixton

When they kick at your front door
How you gonna come?
With your hands on your head
Or on the trigger of your gun

You can crush us
You can bruise us
Yes, even shoot us
But oh-the guns of Brixton

Shot down on the pavement
Waiting in death row
His game is called survivin'
As in heaven as in hell

You can crush us
You can bruise us
But you'll have to answer to
Oh, the guns of Brixton
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Atirando cavalos ao mar...

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HORSE LATITUDES
LATITUDES CAVALARES

When the still sea conspires an armor
Quando o mar parado conspira uma armadura
And her sullen and aborted currents breed tiny monsters
E suas correntes soturnas e abortadas geram monstrículos
True sailing is dead
A navegação verdadeira está morta
Awkward instant
Instante canhestro
And the first animal is jettisoned
E o primeiro animal é arremessado
Legs furiously pumping
Patas furiosamente bombeando
Their stiff green gallop
Seu galope imaturo e tenso
And heads bob up
E cabeças empinam com o solavanco
Poise
Altivez
Delicate
Delicada
Pause
Pausa
Consent
Permissão
In mute nostril agony
Numa agonia muda de narina
Carefully refined
Cuidadosamente refinada
And sealed over
E selada por cima

James Douglas Morrison
Ivan Justen Santana
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GRANDES PERSONAGENS DE NOSSA PEQUENA HISTÓRIA

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Marcos Prado, um dos maiores poetas curitibanos de todos os tempos, morreu de vida intensa. Maiores informações no genial livro Ultralyrics, publicado pela Travessa dos Editores.
O poema Punk Musa foi feito tomando por base as orientações que Marcos passou pra mim na carta abaixo, de algum dia de 1984:


sérgio,

o ferreira me pediu uma letra onde a musa fosse uma punk, pra uma canção de amor que ele fez. a música é genial. vou te mandar frases esparsas. se tiver saco, monte, inclua outras, mexa o caldeirão, o diabo:
alquimista de socos beijos e licores (rimando com violenta sem tirares nem pores)
dispensa gregos e moicanos distraída
sinistra
magnética
hipnótica
invisível
a que surge, desaparece, dá e desce
moderna
não muito sensível
de quem você foge e sempre te persegue, mas que na hora h sai fora.
a que você não sabe onde mora e não te namora.
quem você adora e não te adora.
a que virar uma rua, sempre é a quinta avenida, mesmo que vire XV ruas.

a idéia é fazer uma letra bem romântica mesmo para uma anti-musa violenta, uma canalha sem coração, uma pária sem par. não sei se dá pra aproveitar muita coisa disso aí em cima, mas o clima já deu pra você sentir, né ?
você tem dinheiro pra sê-lo. não demore. escreva. ana também.

marcos prado
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POEMA 54

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Vida privada

A vida não é mortal, a morte é que é vital
(Santo Agostinho)


mal sabia se estava vivo
melhor seria nascer morto
odeio a vida por me levar a morte
perder pra sempre tudo no jogo
sem ter quem por mim chore
embora isso não seja preciso
guarde pra outro seu choro
tome de volta o meu riso
triste desde o princípio
acordo quando o sol morre

meu mundo caiu
entretanto move-se


Sérgio Viralobos e Marcos Prado
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POEMA 73

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Rabo de galo, napalm na mão!
acordei pelado num quarto de hotel
depois de misturar todas
no mesmo coquetel
o espelho de batom dizia tchau
entrei no elevador cheio de sangue
vi tudo revirado no hall
pior quando saí pela rua
sol sol sol

Sérgio Viralobos, Thadeu W, Walmor Góes e Rodrigo Barros Homem del Rey
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E LÁ SE FOI MAIS UM VERÃO...

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POEMA 71

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POLÊMICA TEOLÓGICA

eu era um santo no seminário
quem conta um conto aumenta um ponto
meu sonho era ser vigário
no dia da vinda do santo padre
foi quando me apaixonei
pela beata de outro abade
a mais bela freira da paróquia
estava justo ao meu lado
queria que fosse minha aquela nossa senhora
tal visão seria ilusão de ótica ?
(o papamóvel passou em branco)
só tive olhos para olhá-la
ela que teve um passado
aos vinte foi presa em nairóbi
contrabandeando abelhas no hábito
toda de branco e rosário
o amor pela fora-da-lei
confessei no confessionário

o vinho virou vinagre
não posso mais comer hóstia
padre que casa não faz milagre


Sérgio Viralobos e Marcos Prado
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O MISTÉRIO DO TROCA-TROCA DE ESTÁTUAS

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Leia matéria de Paulo Sampaio, publicada na Folha de São Paulo, sobre a surrealista confusão envolvendo dois dos nossos maiores poetas mortos:

Álvares de Azevedo está a cara de Fagundes Varela na estátua que os alunos da Faculdade de Direito da USP levaram em maio da praça da República para o largo São Francisco. A polêmica sobre a verdadeira identidade da estátua das arcadas tem mais de meio século e envolve professores, ex-alunos e historiadores.Azevedo chegou inclusive a passar um tempo como Fagundes Varela em uma praça do Pacaembu. A controvérsia é confirmada pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.Azevedo, Varela e Castro Alves, os três poetas e ex-alunos de direito no largo, foram homenageados com seus nomes nas arcadas da faculdade, mas só o primeiro ganhou estátua.Olhando bem a obra, realmente os cabelos de Álvares parecem muito revoltos, quando na verdade ele os mantinha num corte comportado. Além disso, ele cultivava um bigodinho que entrega a diferença."A crônica da estátua é antiga. Fala-se até que a encomenda ao artista plástico [Amedeo Zani] teria sido uma "estudantada", como os alunos chamam as brincadeiras que costumam promover com personagens importantes. Assim, o artista atendeu o pedido de esculpir um Azevedo, tomando como modelo a figura de Varela", diverte-se o advogado Miguel Matos, do site jurídico "Migalhas", que reacendeu a polêmica Azevedo Varela quando os alunos "roubaram" a estátua da praça para instalá-la no largo São Francisco."De fato a estátua sempre esteve envolta em uma confusão de imagens, que pode muito bem ter nascido de uma boataria", acredita o professor Goffredo da Silva Telles Júnior, que deu aulas na faculdade durante 45 anos.Silva Telles diz isso não exatamente com base nas figuras dos dois, mas nos temperamentos absolutamente distintos deles."Não há como confundi-los. O Álvares era um rapaz tímido, recatado, enquanto o Varela sempre foi boêmio, dado a aventuras, todo mundo sabe. É Álvares de Azevedo e acabou-se", decide, rindo, o professor Silva Telles.Carlos Madia de Souza, dirigente da Associação dos ex-Alunos da Faculdade do largo São Francisco, é a esperança de um ponto final na controvérsia.Diz ele que, sim, Varela vai ganhar sua própria estátua --do mesmo jeito que Castro Alves, o terceiro homenageado na arcada da faculdade."Pretendemos erguer bustos para os dois, assim que tivermos recursos. É um antigo projeto", explica.Madia afirma que o personagem retratado "parece alguém de fato mais velho que Álvares [morto aos 20 anos]". "Quando tivermos o dinheiro para encomendar o próximo busto, a gente decide se será um novo Fagundes, ou mais um Azevedo."

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ADEUS ÀS ARMAS

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Estava com meu melhor amigo
Brincando na sala de armas de papai
Ele com uma garrucha
Eu com o FAL na mão

Tudo que olhávamos
Pelo binóculo
Éramos nós mesmos
No final

Continuávamos a mirar
Quando entra papai,
Sempre elegante,
Em seu robe de chambre

- Guardem essas armas,
soldadinhos de chumbo!
Já falei para não entrar
Nesse estado em meu arsenal

- Estão descarregadas, papai
- Guardem assim mesmo, queridos!
- O senhor acha que o diabo
põe bala no cão?
- E NÃO PÕE!?


Theodore Woijce
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