terça-feira, 15 de janeiro de 2008

POEMA 90

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MORTE MORRIDA DIÁRIA

Escrever palavras no ritmo
e/ou rimadas é um vício
de linguagem bárbara.
É uma escavação de íntimo
em busca da gema do suplício
pra vendê-la à gente avara
de emoções ou o que valha.
É chafurdar na própria lama
para os porcos se acharem mais humanos
e eu mesmo me ache mais canalha.
Escrevo como quem está de cama
com doença terminal, soro nos canos.
Sinto que estou nas últimas
palavras do melhor verso.
Não sei como será sua rima,
sei que herdará minhas pústulas
e meu sangue perverso.
Morrerei de parto da obra-prima.

Sérgio Viralobos

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