segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O gato tranqüilo

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    Ei-lo, quieto, a cismar, como em grave sigilo,
    vendo tudo através a cor verde dos olhos,
    onça que não cresceu, hoje é um gato tranqüilo.
    A sua vida é um "manso lago", sem escolhos...


    Não ama a lua, nem telhado a velho estilo.
    De uma rica almofada entre os suaves refolhos,
    prefere ronronar, em gracioso cochilo,
    vendo tudo através a cor verde dos olhos.


    Poderia ser mau, fosforescente espanto,
    pequenino terror dos pássaros; no entanto,

    se fez um professor de silêncio e virtude.


    Gato que sonha assim, se algum dia o entenderdes,
    vereis quanto é feliz uma alma que se ilude,
    e olha a vida através a cor de uns olhos verdes.


    Cassiano Ricardo

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