terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

SUAVE MARI MAGNO

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Lembra-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria
Um pobre cão.

Arfava, espumava e ria,
De um riso espúrio e bufão,
Ventre e pernas sacudia
Na convulsão.

Nenhum, nenhum curioso
Passava, sem se deter,
Silencioso,

Junto ao cão que ia morrer,
Como se lhe desse gozo
Ver padecer.

Machado de Assis

Do livro: "Ocidentais", 1880, RJ
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Um comentário:

joão victor borges disse...

Amo esse poema. "Como se lhe desse gozo / Ver padecer." É o Mari Magno de todos nós.

Abraço!

http://anpulheta.blogspot.com