segunda-feira, 14 de abril de 2008

Uma flor do mal do velho Bode

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Charles Baudelaire, o autor das Flores do Mal, era do bem. Para comprovar, veja uma das duas traduções que eu e meus parceiros fizemos, já publicada no livro Os catalépticos e que inspirou um belíssimo e corajoso estudo do professor Édison Costa (na revista Letras, da UFPR) comparando as nossas versões do velho Bode com as dos poetas simbolistas.
(Roberto Prado)

O VINHO DOS AMANTES

indo belo lindo um dia todo sim
é proibido proibir que tenha fim

bebo o vinho mel, divino néctar,

o céu ainda por cima parece concordar

um par de arcanjos, que figuras!
ambos puros artífices das alturas
eu e a taça, vinhetas da paisagem
o vinho volta à uva, eu, à miragem

no embalo dos tragos a terra gira
mecanismos de um turbilhão inteligente
que tudo ouve vê e só delira

o paraíso já era aqui e paralelamente
em outro entramos agora como um só

ic! epa! ops! rum...rum...ã? ó!


(Charles Baudelaire – versão brasileira de
Roberto Prado, Marcos Prado e Antônio Thadeu Wojciechowski)

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