terça-feira, 22 de abril de 2008

DOS ANJOS

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O ÚLTIMO NÚMERO

Hora da minha morte. Hirta, ao meu lado,
A idéia estertorava-se... No fundo
Do meu entendimento moribundo
Jazia o Último Número cansado.

Era de vê-lo, imóvel, resignado,
Tragicamente de si mesmo oriundo,
Fora de sucessão, estranho ao mundo,
Como o reflexo fúnebre do Incriado:

Bradei: - Que fazes ainda no meu crânio?
E o Último Número, atro e subterrâneo,
Parecia dizer-me: “É tarde, amigo!

Pois que a minha autogênica Grandeza
Nunca vibrou em tua língua presa,
Não te abandono mais! Morro contigo!”

Augusto dos Anjos

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