terça-feira, 22 de abril de 2008

O EXPECTRO DO CAOS

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Em 1983, apareceu, o Expectro do Caos, o primeiro fanzine punk de Curitiba.
Leiam seu inacreditável primeiro editorial:


punks saem da toca em cwb

A exploração, a miséria, a discriminação e a repressão são comuns em qualquer parte desse planeta. Em toda cidade, a começar pelas grandes, onde a violência é proporcionalmente maior, as vítimas do sistema perambulam pelos seus becos. CWB é uma civilização de aparência pacífica e ordeira do ponto de vista fascista, que não difere em muito do pensamento Peace and Love, filosofia de verdadeiros bunda-moles que preferem oferecer a outra face quando agredidos. A dita "Cidade Sorriso" nada mais é que um paraíso de antiquados freaks e hippies com seus cabelões ridículos e sujas sandálias havaianas, que com seus trejeitos de pederastas se abraçam e se beijam nas portas de teatros e na feira de artesanato permanente que se transformou a Rua das (é claro) Flores, principal artéria de CWB. Como se não bastasse o contingente reacionário composto pelos flautista-doces e mochileiros andinos, CWB recebe com a mesma passividade toda q sorte de tele-guiados do imperialismo macartista,através de seitas como a dos sorridentes Meninos de Deus ou a dos saiudos hare-krishnas, que vivem mangueando os transeuntes em todas as esquinas, tendo até um templo para as suas orações, certamente custeado pela CIA.
Em resposta a todo este festival de violência camuflada surge em CWB um grupo de jovens que por pensarem dife rente adotaram o comportamento punk.
O surgimento dos punks na cidade foi suficiente para que os dedos em V se unissem aos punhos cerrados dos comunistas, principais porta-vozes da agressão, para tentarem, apenas em vão, deturpar o movimento. Em uma festa na Reitoria, costumeiro reduto das esquerdas festivas e direitas descontentes, os punks foram convida dos por um dos organizadores da festa e então pintaram as primeiras agressões ao movimento. Inconformados com a presença dos punks, os comunistas começaram a boicotar o som, impedindo a execução de músicas hard-cores, as preferidas dos punks, prolongando a sessão de forrós e outros ritmos populares que caracterizam os costumes de intelectualóides universotários que se dizem portadores da voz do povo. Os punks, quando reclamaram, foram logo discriminados e passaram a ser objetos de gozação por parte dos hippies e comunistas.
Numa tentativa de dissipar os agressores,Os punks começaram a tilintar suas inofensivas correntes, usadas até então como adorno e protesto justamente contra a violência.
Os hippies, por sua vez fugiram do pau ou das correntadas, mas depois provocaram verdadeiro estardalhaço pela cidade, acusando os punks de agressivos e provocadores. Mas o tiro saiu pela culatra, pois o acontecimento serviu apenas para fortalecer e divulgar o movimento punk em CWB.


O editor do Expectro do Caos é o famoso compositor popular Aparecido Alcântara Batista, autor da inolvidável Marcha do Carequinha:


Lá vem o carequinha
Experimentar a peruca
Que coisa maluca
Que coisa maluca

Com sua cabecinha vermelha
Tanto faz ser coelho ou coelha
Se fica nervoso ele cospe grosso
E acaba vomitando antes do almoço
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