terça-feira, 5 de agosto de 2008

IVAN JUSTEN ESCREVEU:

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O poeta morto dentro do meu intrincado crânio...


O poeta morto dentro do meu intrincado crânio
sabe que a linguagem presta pra isso mesmo:
fingir de morto assim feito um cachorro,
ensaiar sinceridade que no fim é só disfarce,
querer falar de tudo e mal extrair
de si um versinho simples.

O poeta morto dentro do meu intrincado crânio
queria versos bons mas se saiu com estes
(podia ter desempenhado melhor, talvez uma quadrinha,
algo do tipo:
"Aqui dentro do meu intrincado crânio
tem um poeta morto que soluça
e age como se beneficiasse urânio
amortizando alguma crise russa.")

O poeta morto dentro do meu intrincado crânio
tenta manter seu blog atualizado
(mas só posterga, esquece, nem dá bola),
não tem passado muito bem disposto,
e solta um uivo quase fraco e mal composto
só porque hoje começou o mês de agosto.

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