terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O Mundo é um Bolão!

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Durante a minha infância em Brasília, o programa de domingo era ir para um Cine- teatro de nome Bruni ver a programação infantil com os sensacionais clássicos da Disney. O Bruni ficava num prédio moderno, grande, daqueles que surgiam quase diariamente naquela Brasília dos anos 60. No hall gigantesco do edifício, havia um boliche. E não era um qualquer; pra mim aquele boliche era o lugar mais legal do mundo. Lembro bem do som das bolas derrubando os pinos, da iluminação de filme americano, do cheiro das pistas oleosas que brilhavam entre sapatos bicolores e calças cigarretes, fazendo a festa que nunca parava (na minha grande imaginação) para os admiradores deste, digamos, esporte.
A prática do boliche em terras canarinhas deu-se na década de 60 com o advento da “Febre do Boliche”. São Paulo chegou a contar mais de 100 casas espalhadas em suas diversas cidades. Estrelas da época, Hebe Camargo, Lolita Rodrigues e Nair Belo, eram freqüentadoras assíduas destas casas. Opa! Novamente meu faro perdigueiro apontou para outro esporte.
Descobri que o Boliche foi um dos esportes de exibição nas Olimpíadas de Seul, em 1988, num torneio sem distribuição de medalhas e que o Brasil foi pela primeira vez medalhista (prata nas duplas) num Pan Americano em 2007, no Rio de Janeiro.
Alguns cidadãos também ganham a vida como “técnicos”, isto claro, quando há mais do que somente diversão envolvidos.
É um esporte que realmente faz girar a roda da fortuna: pistas, bolas, vestuário e outros apetrechos pululam em sites de compra e venda. Uma bola importada, usada, de material sintético e ótima para pistas oleosas, não sai por menos de 300 suados reais. O preço de uma única pista é indizível e o dos acessórios (como uma máquina de passar óleo de sete mil lascas), inominável. Agora, no século 21, o propósito do óleo sobre as pistas continua sendo proteger e ainda criar reações das bolas de Boliche; com isso, as bolas também evoluíram da borracha e do uretano para a “Resina Reativa e para a Tecnologia de Partículas”. Uau!
O máximo para todo jogador que se preza é fazer “a jogada prefeita”, ou seja, derrubar todos os pinos e obter os 300 pontos disputados em um jogo, com 12
strikes seguidos em um torneio oficial. Em 2007, o sortudo foi Carlos Salgado, no Brasileiro de duplas.
O Boliche, como em vários outros esportes, tem também a sua pelada, uma opção mais simplificada, divertida e barata. É o Bolão, jogado com apenas oito pinos e muito presente nos clubes de imigrantes de todo o sul do Brasil.
O Boliche, de quebra, influenciou o mundo da moda, o design, os desenhos animados (lembram da famosa corridinha com os dedões do Fred Flintstone?) e até o cinema. Ontem, no meio dessa coisa toda de boliche me veio na mente dois grandes filmes independentes feitos sobre a atmosfera inebriante do esporte dos pinos. “O Grande Lebowski” e “Kingpin, Estes Loucos Reis dos Boliches”. É só saber procurar que você vai achar e gostar. Crash!!!
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Por Rodrigo Barros
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Um comentário:

Maringas disse...

Vendo 2 bolas de boliche que foram usadas durante um tempo nas pistas que existiam no Shopping Estação (onde agora funciona a Loja Colombo), e hoje enfeitam um canto da minha sala.