Revista Etcetera: Sempre que se fala em Carlos Careqa existe uma associação à música independente. Parece que é uma bandeira que você levanta, as pessoas sempre associam você ao músico independente. Isso te incomoda?
Carlos Careqa: Não, eu não acho que é uma bandeira que eu levanto. Eles associam porque sabem que eu não tenho gravadora e porque eu abri um selo, mais por isso mesmo e porque saiu no jornal também que eu e o Arrigo tínhamos começado esse selo. A princípio eu tinha aberto uma empresa pra dar nota fiscal pros meus trabalhos de publicidade, porque eu sou ator também. Eu fui pra Nova York pra conversar com o David Byrne porque uma música minha saiu numa coletânea lá, daí eu percebi que ele também tinha um escritório pequeno que nem a gente, não é diferente. “Ah! Então é isso que é um selo independente?”, não precisa tanto. Eu acho que as pessoas associam mais por isso mesmo, mas não é uma bandeira. Tem uma diferença em ser independente hoje em dia e ser independente nos anos 70, é muito diferente, porque naquela época era como ser comunista, era como ser um partido de esquerda. Você estava enfrentando alguma coisa e hoje em dia não é bem assim, hoje em dia as grandes gravadoras não querem nem saber da gente, só querem saber a partir do momento que você vendeu mais de dez mil cópias no mercado independente pra eles poderem gerar cem mil cópias lá no mercado deles, a relação é sempre assim: um pra dez. Então nesse sentido, hoje em dia, não é porque eu levanto uma bandeira ou porque eu sou revolucionário, acho que isso é um papo meio démodé, não tem mais a ver. Acho que é uma questão assim: Pô, não tem?, vamos à luta, vamos trabalhar, entendeu? Como vocês também, não têm um veículo oficial, não têm uma editora que financia vocês... Pô, vamos fazer a nossa jogada pra depois um dia rolar um negócio melhor ou continuar fazendo o que a gente gosta.
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