quinta-feira, 20 de novembro de 2008

+ IVAN JUSTEN

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Modesta contribuição pretensiosíssima

ao Livro dos Contrários,

de Marcos Prado



O tigre se encontrou com o cordeiro
na selva surreal do imaginário:
impossível dizer qual por primeiro
saudou: "Mas se não vejo o meu contrário!"

Depressa o tigre intrépido alertou,
com olhos faiscantes quais coriscos:
"Eu sempre amedrontei quem me topou,
pois minhas listras são sinais dos riscos."

O cordeiro obtemperou calmamente,
sorrindo feito a estrela da manhã:
"Mesmo a voragem faz bem à semente,
ternura que se aprende em minha lã."

Incapaz de interpretar tais finuras,
o tigre abriu a boca e devorou-o:
foi quando as duas belas criaturas
fundiram-se num anjo que ergueu vôo.
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