terça-feira, 4 de março de 2008

+ BOLA SETE


Bola Sete (Djalma de Andrade)
16/07/1923 no Rio de Janeiro, RJ
13/02/1987 na Califórnia, Estados Unidos
Violonista, guitarrista, compositor

Bola Sete – nome artístico que remete à sua negritude – foi o único filho homem entre seis irmãs, numa família muito pobre e muito musical. Aos seis anos, começou a tocar cavaquinho e, aos nove, ganhou seu primeiro violão.
Aos 10 anos foi adotado por um casal de classe média alta, com o qual conheceu a música clássica. Quando a Segunda Guerra Mundial começou, esse casal enviou Bola Sete para uma fazenda no interior do país, na tentativa de evitar que fosse recrutado.
Na volta ao Rio de Janeiro, com pouco mais de 20 anos, estudou na Escola Nacional de Música e foi contratado pela Rádio Nacional.
Na década de 1960, foi aluno do maestro Moacir Santos, a exemplo de nomes como Baden Powell e Eumir Deodato, entre muitos outros.
A escolha do instrumento sempre refletiu as guinadas de estilo de Bola Sete. O violão, usado inicialmente, cedeu lugar à guitarra nos tempos em que tocava no rádio, em conjuntos de baile, e hotéis do Brasil e do exterior.
Quando se radicou nos Estados Unidos, o violão passou a ter preferência, até que começasse a freqüentar os círculos de jazz e voltasse a usar a guitarra elétrica.
Seu estilo era percussivo, com variações freqüentes de ritmo e dinâmica. Os acordes eram cheios. O polegar era usado intensamente.

Bola Sete passeou, também, por várias atitudes. Na época do rádio, e nas primeiras excursões ao exterior, chegou a tocar com o violão nas costas, com os dentes, deitado; foi pioneiro do rock -- num disco de 1957 gravou sua composição "Bacará", que aparece no rótulo como samba-rock; depois foi bossa-novista de banquinho e violão; jazzista tocando sua guitarra em pé; e, por fim, retornando ao violão – num período em que adotou a dieta vegetariana e a ioga

A carreira profissional de Bola Sete começou em 1945, quando venceu um concurso de violão e passou a se apresentar em programas regulares de rádio. Mas apenas no final da década de 1940 apareceu como músico de destaque, e montou o "Bola Sete e seu Conjunto", cuja cantora era Dolores Duran.
Em 1949, lançou seu primeiro disco autoral, interpretando duas composições próprias.
Em 1954, formou uma orquestra que correu a América Latina e Espanha.

Em 1959, gravou uma faixa para a trilha sonora original do filme "Orfeu do Carnaval", contendo "Manhã de Carnaval" e "Samba de Orfeu", de Luiz Bonfá e Antônio Maria, e "A Felicidade", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Mudou-se, então, para os Estados Unidos onde passou a se apresentar em hotéis da rede Sheraton. Numa dessas apresentações, foi notado por Lalo Schiffrin, pianista do grupo do trompetista Dizzie Gillespie, que o convidou para participar de seu grupo e com o qual gravou o LP New Wave, iniciando a fase mais jazzística de sua carreira. Gillespie foi o primeiro músico americano de jazz a incorporar ritmos e sons latinos.
O auge dessa fase aconteceu em 1966, no Monterey Jazz Festival, com um trio que incluía o baixista Tião Netto e o baterista Paulinho da Costa ; ali, Bola Sete realizou uma de suas apresentações mais famosas, registrada no disco "Bola Sete at the Monterey Jazz Festival".
Logo depois, sobreveio um período de afastamento da música provocado por uma crise de saúde e de sentido de vida, findo o qual Bola Sete adotou radicalmente a ioga e o vegetarianismo, e deu outro rumo à sua música, que perduraria até o final da vida.
Discos como "Shebaba", "Ocean" - na opinião de um crítico americano, o melhor disco de violão solo de todos os tempos - e "Jungle Suite" refletem a sua fase de maturidade, na qual a síntese de influências e vivências já está totalmente incorporada às suas composições e à sua execução. Durante esses quase 15 anos, Bola Sete produziu a parte da sua obra que mais rende o respeito e as homenagens de músicos pelo mundo afora, servindo de referência para jazzistas, roqueiros sofisticados, expoentes da World Music e da New Age, e violonistas de todos os estilos.

Nenhum comentário: