sexta-feira, 7 de março de 2008

Uma dupla de matar a mãe do guarda

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Edson de Vulcanis: assombroso talento









Marcos Prado: o ritmo da sutileza

É fato: Marcos Prado e Edson de Vulcanis escreveram juntos alguns dos mais belos poemas do orbe oval que os meus pés tocam. Para você ver e comprovar, selecionei algumas gemas da dupla, pura delícia, para deleite das boas almas.


ação entre amigos
vamos à churrascada de empalamento do padre estuprador, meu amor
vamos ao coquetel de linchamento do rubem fonseca, meu amor
eu já matei o escritor, matei inês
antes que talhasse o sangue do freguês



bercinho boiando no rio grande do sul
o farofeiro feio brilhava à beira de um luau
ouvindo solos de clarineta de seu pai

atocaiando jacarés e fazendo onda no mar de merda



o bêbado saldável
quando eu morri
meu pai tinha três anos

o saldo da minha alma está em retalhos

e o meu corpo em liquidação

sou vítima de uma bala perdida do antônio bivar

não sei se sou eu ou ele que não está nem aí

o pior é que atirou desmunhecando



descarregadores de cadáveres
homens, mulheres, crianças, velhos, cães e gatos maltrapilhos
aqui o cheiro das flores podres empesteia o ambiente

bagos no arame farpado arranco

fugindo do haroldo de campos



(Poemas de Marcos Prado e Edson de Vulcanis)
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