quinta-feira, 15 de maio de 2008

Roleta Russa

~~~~
Não tenho a melancolia bêbada dos poetas malditos
Nem a inadimplência de seus enunciados etílicos.
Minha revolução cabe e sobra na palma da mão,
E na elasticidade trôpega de meus cambitos.
O resto é com vocês, mantenedores da solidão!

O velhinho, míope e gago, precisa atravessar a rua;
A boa senhora, chegar com as compras em casa;
Eu, fazer versos que os levem ao mundo da lua!
Não ao tiro de Maiakóvski e à corda de Iessiênin,
Para o suicídio, já bastam as mil obras de Lênin!

Estou neste mundo e nele me arrasto sem medida.
Sou grande demais para o meu tamanho, e daí?
Que estes versos possam ao menos confirmar a vida,
Calando a boca dos que dizem que o inferno é aqui
E fazem da alegria de chegar, lágrimas de despedida!

Comedor de Ranho
~~

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei, poesia pra ferver o sangue até de animal extinto.

Beto Batata

Renato Quege disse...

Valeu, Beto!
Que barato encontrá-lo aqui.
Grande abraço!