Pequim, 6 mar (EFE).- A mulher camponesa "vale menos que um frango" na sociedade rural chinesa, tradicional e sem mobilidade, onde é considerada um ser inferior e sem direitos, conforme afirmou à Agência Efe a presidente do Centro de Educação Mulheres Rurais de Pequim, Luo Zhaohong, às vésperas do Dia Internacional da Mulher.
"Uma camponesa está em casa e batem à porta. Ao abrir, perguntam se há alguém, e ela imediatamente responde que não", conta Luo, para explicar a falta de auto-estima das mulheres rurais.
Luo nasceu em Xangai e tinha 20 anos quando, por causa da Revolução Cultural chinesa (1966-76), foi obrigada, como tantos outros intelectuais, a viver no campo e a "se reeducar" entre os camponeses.
"Naquela época, não sabia nada sobre estas mulheres e sua forma de vida. Em breve, percebi quão dura é a sua situação. Elas não têm oportunidades e valem menos que um frango", contou.
A falta de auto-estima das camponesas aumenta com a preferência social pelos homens.
"Se uma família tem um menino e uma menina e só se pode permitir oferecer estudos a um, dará a oportunidade ao homem, e sua filha ficará trabalhando no campo para pagar os estudos do irmão", explica.
A cada ano, milhões de mulheres na China tentam se matar, principalmente no campo, e 157 mil conseguem, o que transforma o país asiático em um dos poucos do mundo onde as mulheres cometem mais suicídio que os homens.
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